4 de mai. de 2008

Amélia

Ela caminhava com pressa por uma larga avenida cercada de prédios altos.O cinza, como um grande monstro, parecia que iria engolir à cidade.
Mas ela não reparava nisso agora. estava com pressa! Muita pressa! Essa sua vida corrida... tantos problemas! Marido, filhos, trabalho. Tanta coisa pra se preocupar.
E ela ali, parada na calçada, esperando o sinal fechar pra tentar atravessar a rua. Verde, amarelo, vermelho.
- Leonora, meu amor!
"Devo estar mesmo louca" pensou. No meio da faixa de pedestres, parado em frente à ela estava um jovem rapaz.
Lindo, loiro e... montado em um cavalo branco. Espantosamente branco. E a estava chamando de meu amor!"Deve ser aquele remédio para os nervos" pensou, enquanto ria nervosamente.
- Por Deus minha amada, eu te procurei por tanto tempo!
- O...Oi?
- Não está me reconhecendo Leonora? Sou eu, Sir Edward Von Hustien, conde de Annemasse, seu futuro esposo!
- Como? Mas eu...
- Vamos minha querida, vou leva-la de volta para o seu castelo, onde em breve nos casaremos!
Amélia respirou profundamente. Se aquilo era uma brincadeira, o pessoal da firma ia pagar caro! Mas se não fosse...Pensou nos filhos bagunçando toda a casa e no marido gritando
para ela adiantar a janta. Pensou nas milhares de horas extras que precisava fazer para completar a renda da família. O nome dela não era Leonora e nem nunca tinha ouvido falar
em nenhuma Annemasse... Mas, quem sabe ele não tinha confundido ela com alguma prima distante? Seu pai disse uma vez que eles tinham parentes lá pras bandas do Ceará...
Que se dane!
Subiu no cavalo branco ajudada pelo belo conde e partiu em direção à Annemasse, (que não ficava no Ceará, como ela suspeitava, mas sim no sul da França) onde viveu feliz para sempre. Até perceber que uma casa com 4 cômodos era mais fácil de se arrumar do que um castelo de 47. E de que quando o conde bebia licor de cereja ficava muito chato. E gay.




Moral da história:
Amélias sempre serão mulheres de verdade. Até em Annemasse.