19 de set. de 2010

Tu, moça

Anseio do meu coração, tu, moça, e esse teu vestido branco tão branco quanto eu conseguiria me lembrar, depois desse teu vestido branco o branco dos dentes das negras de carne macia que eu aperto com tesão semana sim semana não nos becos pertos do cais não são tão brancos, nem brancos como é a espuma do mar que rebenta nas pedras da praia, nem a espuma é tão branca quanto teu vestido, moça, e esse teu sorriso! nada faz fugir o teu sorriso que mora grudado nas minhas retinas feito filme projetado na tela suja do drive in que eu tanto bolinei mulheres macias, não tão macias quanto tu, moça, não tão belas, não tão adoráveis, nem com pernas tão roliças quanto as tuas ah! tuas pernas grossas e tua sandália de couro amarrada nas tuas canelas grossas, tiras de couro marrom como o marrom dos teus mamilos com gosto de flor, como tu, moça, és flor até nos mamilos, da cabeça aos pés és flor, como eu te gosto, moça, como eu te desejo mais que a qualquer outra coisa, se eu pudesse ah! se eu pudesse te ter exatamente agora, se eu não tivesse tão bêbado por causa de ti e eu me pergunto, moça, se tu me amasse um dia? e eu aqui bêbado pensando em ti e tu muito provavelmente embaixo de algum homem negro branco mulato pobre estivador como eu, miserável como eu e provavelmente apaixonado por ti como eu e como tantos miseráveis que se deixam apaixonar por ti, no teu quarto com móveis velhos corroídos pela maresia e cheiro forte de sardinha e mofo e mijo e porra e teu, teu aroma de flor, és flor, moça, horizontalmente flor, minha mesmo que por alguns trocados e por algumas horas, minha, tu, moça, anseio do meu coração.