24 de mar. de 2010

Incompleta



Ás vezes você se sente assim, completamente preenchida e mais, talvez transbordando, e sente como se tudo fosse mais perfeito e mais surreal nessa realidade. E você fica lá feito pão mergulhado em leite, inchada, cada poro cheio e entupido de puro amor viscoso. Mas de repente - mas talvez não seja assim tão de repente - de repente você sente o amor escorrendo pelas extremidades; sente o amor pingando dos dedos e escorrendo dos olhos; sente o amor correndo pelas veias e explodindo nas cicatrizes dos pulsos: f u g i n d o d e v o c ê. E aí você vê que não tem mais o quê fazer, que se antes você tinha tudo e tudo tinha você, se antes a presença involuntária disso era o motivo do sorriso estampado na sua cara, hoje é o veneno que o seu corpo tenta expelir.
E mesmo que você não queira, mesmo que você não ache certo ferir alguém assim, mesmo que você não ache justo ser uma filha-da-puta a descartar mais um rapaz como todos os outros que você jurou amar, você não tem o que fazer.
Você simplesmente deixa ele ir embora de você como veio: sem fazer barulho.