12 de abr. de 2008

Olhares Vazios

Ando colecionando olhares. É, olhares. Tem pessoas que colecionam cartas, chaveiros, selos. Outras colecionam amores. Eu não. Eu coleciono olhares. De todos os tipos: olhares de dor, de desejo, de preocupação, de gratidão. Olhares apaixonados, rancorosos, olhares vazios. Ah! Os olhares vazios! São os meus prediletos. Dentro deles consigo enchergar a alma nua das pessoas. Como? O olhar de um jovem apaixonado, por exemplo. Nos olhos dele não existem só a sua alma. Já se misturou a da amada, estão fundidas, amalgamadas. Ou àqueles olhos tristes da mocinha. Lavados com dor e lágrimas. Alma lavada não é uma alma nua. Acaba virando uma alma nova.
Mas isso não acontece nos olhares vazios. A alma está ali, pura, virgem, esperando para ser delicadamente analisada. Quase posso pegar nos braços as almas que vejo nesses olhos.
Leves, puras, liliáceas.
Mas eu não tenho o poder de arrancar almas, por sorte. Nem o queria.
Mas posso capturar olhares. De preferência, vazios.


Sophia Anônima.





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