14 de jun. de 2009

Cantiga de amor


O ar tem gosto de hortelã, a luz do sol entra devagarinho pela janela do meu quarto sem pedir licença. Calada, eu observo o sono do meu menino. Observo cada detalhe, o contorno suave dos lábios dele formando um biquinho rosado, os olhinhos fechados com cílios enormes, o nariz redondinho. O que eu mais queria agora era a certeza de lembrar desse momento pra sempre. Minha mão não resiste a mergulhar nas quase ondas de cabelos castanhos, mesmo correndo o risco de acordá-lo assim. Nunca pude resistir à mexer naqueles cabelos castanhos. Desde sempre, desde que eu o conheci. No começo eu acertava o penteado, agora era puro capricho. Talvez por ser uma forma de acariciá-lo implicitamente, vai saber. Uma maneira sutil de estar sempre tocando nele. Só sei que acostumei, e não vou parar. Mesmo ele dormindo, tão lindo assim, não vou parar.
Meus dedos correndo nos cabelos dele, ele ressonando do meu lado, bochechas enormes comprimidas no travesseiro. Dorme amor. Dorme. Eu vou está sempre aqui. Talvez não tão perto assim, mas ainda assim, aqui. Dorme.

4 comentários:

Naila de Souza disse...

"Dorme enquanto posso te embriagar com carinho.
Vai que depois toda essa enxurrada se evapore?
Ao menos seus cabelos minhas mãos alcançarão e afagarão mais uma vez.
Dorme...porque depois que acordar, não sei se estarei perto o suficiente pra que você perceba que foi um bom sonho.
Mas enquanto dormes, afago-lhe os cabelos castanhos."


E nessa serenidade que lhe dou esse pedaço de pensamento que externalizou, misturou-se e tornou-se palavras.

Cheiro grande, honey

Maiara disse...

Apaixonado e apaixonante.

Αιακοσ Επυαλιοσ disse...

A parte da carícia implícita me deixou bastante pensativo. E trouxe-me algumas lembranças também. Bom, uma pena que não tive a mesma sorte que você. ^^

Beijos.

Mónica Lacerda disse...

ah tão luz
e tu nesse andar de ondas tão belo
e as rendinhas da tua fotografia
tão bela