18 de nov. de 2009

Dimitre

Foto por Maiara Cerqueira

Quando vi Dimitre pela primeira vez, podia jurar que tinham aberto os portões do Olimpo e deixado escapar o deus mais encantador. Ele era o homem mais lindo que eu já tinha visto nos meus trinta e um anos, e posso apostar que se vivesse trinta e uma vezes trinta e um anos, não encontraria outro ser que se pudesse equiparar.
Ele tinha quase dois metros de altura e carnes na medida certa. Cada pedacinho do corpo de Dimitre parecia milimetricamente esculpido pelo mais talentoso artista. Sabe o Davi de Michelangelo? Perdia de goleada. Principalmente por um detalhe, que eu viria a confirmar logo depois.
Nos conhecemos na praia. Eu metida num maiô monocromático, estirada me bronzeando quando fui atingida em cheio na cabeça por uma bola de frescobol. Levantei num salto, já xingando Deus, o mundo e quem mais aparecesse, quando o vi correndo em minha direção em slowmotion, sunga vermelha contrastando com o bronzeado recém adquirido, cabelos extremamente lisos molhados da água do mar: morte súbita, sem direito a extrema unção.
Me pediu mil desculpas, como se precisasse. Lindo daquele jeito, tivesse me acertado um dardo envenenado no peito de próposito, capaz que eu risse e dissesse "que nada broto, ops, morri" só por tá de frente àquela boniteza toda.
As feições, como todo o resto, eram perfeitas. Olhos miúdos e rasgados da cor do céu. Os lábios grossos adornavam uma fileira de dentes perfeitos, formando uma boca que cometia homicídios todas às vezes que se abria num sorriso. Tudo isso eu reparava sorrindo com cara de boba, enquanto ele estendia a mão pra pegar a bendita bola de frescobol. Foram alguns segundos que pareceram umas três horas, eu parada alí debaixo do sol quente, já ficando tonta de tesão ou por causa da pancada, admirando aquela criatura máscula e deliciosa seminua à minha frente, desejando-a como um lobo deseja a sua presa. Viajei legal. Salivei. Enrubeci. Por fim, entreguei a bola, e me enfiei debaixo do primeiro sombreiro que apareceu.
Sorte minha que o moço não ligou pra minha falta de sutileza. Sentou do meu lado, puxou conversa e lá pra quando a maré estava baixando, me ofereceu uma carona de volta pra casa. Olha, nunca fui dessas mulheres de dar no primeiro encontro, ainda mais quando não é um encontro propriamente dito. Mas bem, era Dimitre. E era verão. E estava muito calor, ele me ofereceu um Sex On The Beach - nada mais apropriado - na cozinha da casa simpática dele, e eu ainda estava tonta da bolada... e era Dimitre. Se aquele homem me pedisse um pedaço do céu eu daria um jeito de pegar. Ele só me pediu pra abrir as pernas. Na verdade, nem precisou pedir.
Quando eu dei por mim, já estava me embolando com aquela criatura pelo chão. E pela parede, e pela mesa, e pelo vaso sanitário, e pela máquina de lavar. Aquelas cenas que eu vivi a meia-luz naquela casa de veraneio, não poderiam ser descritas exatamente da maneira que sucederam. Foi puro êxtase, um sonho surreal com gosto de saliva e sal, arranhões pelas costas e mordidas no pescoço. Visitei o paraíso sem ter parado no purgatório. Provei do mais puro veneno e não morri. Ou morri. De tesão, nos braços do maior amante que conheci.
Ao amanhecer fui embora sem me despedir. Ele continuava dormindo, suado e nu, espalhado displicentemente pela cama desforrada. Peguei minhas coisas, meu maiô, minha saída de praia, e saí nas pontas dos pés, sem nem sequer deixar o número do telefone.
Homens como Dimitre foram feitos para apenas uma noite. Eles não são homens de verdade, são semideuses, falhas na nossa lucidez, personificação da boniteza - e mais - um perigo se usados em demasia. Tive minha dose de Dimitre na medida certa, e já podia pegar o ônibus de volta pra vida real.
Mas só por descargo de consciência, escrevi de batom meu email no espelho do banheiro dele. Quem disse que um raio não pode cair duas vezes no mesmo lugar? E bem, ele notavelmente era muita areia pro meu caminhãozinho. Eu precisaria fazer duas viagens.

2 comentários:

Anônimo disse...

Rá, danada!

Anônimo disse...

Que zegziiiiiiii!