24 de out. de 2011

Leve duas moedas para o barqueiro

Hoje eu acordei querendo morrer. Sinto que para que isso sáia de mim, esse veneno que me consome e me corrói aos bocados só tirando todo o sangue do meu corpo, litros e litros de sangue drenado de cada poro. Só assim, e talvez, nem assim. Hoje quando acordei querendo morrer abri os olhos e tinha dois raios de sol no teto na minha direção e só o que eu queria era voltar ao breu total de dentro de mim. Queria estar fora de mim. Desexistir. Ser como uma alma perdida no submundo que por não ter sido sepultada corretamente não tem o direito de fazer a travessia. Ser como ela condenada a vagar por toda a eternidade entre o mundo dos vivos e o mundos dos mortos. Hoje eu acordei querendo morrer e levar comigo toda a dor que estou sentido, tão tangível que a vejo sentada agora na minha frente sorrindo para mim. Ainda não sei se a alimento, se a consumo, se choro abraçada com ela. A única certeza que tenho, é que essa dor, tão material, tão debochada, me acompanhará para sempre. Até que eu tenha coragem. Até que me coloquem nos olhos duas moedas de ouro para Caronte. Mas eu nunca farei a travessia.

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