25 de abr. de 2009

Pecado Original ou Moreno Delícia ou Foda-se o Título


Ele, cheirando a suor e a óleo diesel, me disse maroto: - O amor é que nem pneu, um dia murcha!

Minha cabeça fez zum, meu queixo caiu. A única coisa que eu conseguia pensar no momento era: viado, viado, viado. Só fui pensar na possibilidade daquele desgraçado ter se envolvido com outra mulher muito longe dali. Preferia imaginar ele sendo enrabado, a me trocar por outra vadia. Vadia pra ele, só eu.

Meu caso com aquele cara, foi fogo puro. Ele era um pecado, e eu soube desde a primeira vez que fitei aqueles olhos negros que me perderia alí fácil, fácil.

Pra falar bem verdade, não foi tão fácil assim. Mas eu nem tentei resistir tempo demais. Que mulher normal resistiria àquela tentação? Nem virgem.

Ele era gostoso demais. Toda aquela morenice, aquela pele reluzente, aquele jeito de andar dos felinos. Era pura lasciva, pura delícia, puro delírio. Era homem demais pra mim, eu sei. E quem disse que eu dava conta?

Na cama ele me apertava, ele me mordia, ele me arranhava, ele me batia, ele me virava do avesso. E eu adorava, e eu gemia, e eu pedia bis, pedia pra ele não parar, nunca, nunca. Ele cheirava a sexo, o suor dele tinha gosto de sexo, a língua arisca dele tinha gosto do nosso sexo. Eu não esqueço da quentura daquela língua percorrendo meu corpo, brasa pura. E aquelas mãos, meu deus, aquelas mãos! Pareciam feitas de qualquer coisa menos carne de gente. Ele era um pecado, o 8º. E eu queria pecar, e pecar, e pecar nos braços dele.

Mas aí, bem aí nesse ponto, em que o fogo corroia meu juízo e eu estava louca, louquinha por aquele safado, ele resolve me deixar. Simples assim, como quem larga uma muda de roupa puída. Viado, viado, viado.

E ainda dá aquele sorriso sarcástico, e vem com aquele papinho de “amor”. Como se eu amasse mesmo ele, e como se ele me tivesse amado. Ta bom que eu estava perdidamente apaixonada, mas daí a amar é um passo bem longo. Eu só queria o sexo. E um colinho de vez em quando. Qual o quê, ninguém resiste! Nem virgem.

Mas sim, meu moreno delícia foi-se embora num velho fusca café-com-leite, que eu ajudei a pagar. “Buscar outros verões, doçura, não consigo me prender a uma terra não”. Foda-se. E meu fogo, quem apaga?

Tem mulher na jogada, aposto a minha reputação.Ou ele virou viado mesmo. Aquele homem era bom demais pra cortar pra um lado só.


Pra ler ouvindo: Disritmia - Versão de Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede

4 comentários:

coffee and cigarettes disse...

"bom demais pra cortar pra um lado só." sempre. homens são sempre assim (ou não).

Amanda Oliveira disse...

Sabe aquelas gargalhadas que tenho? Pois bem, você ganhou mais uma dessas! Muito bom, irmãzinha! Muito mesmo!

HBMS disse...

Quando li lembrei na hora de uma música o-o

''Na solidão escura
Do velho Pelourinho,
Matilde, a louca mansa,
Vivia mercando assim:
Olha a flor da noite!
Olha a flor da noite!

Seria a flor da noite
A luz da estrela solitária
A tremular tão dura
Sobre o velho Pelourinho?

Ou o som da voz ausente
Da menina triste
Que mercava o seu
Triste descaminho:
Olha a flor da noite!
Olha a flor da noite!

Ou seria a flor da noite
A face oculta atrás da aurora
Por quem o homem luta
Desde nunca até agora?

A louca aprisionada
Pelos monstros do poente
E que avisa e
Grita alucinadamente:
Olha a flor da noite!
Olha a flor da noite! ''

Gabriela Lopes disse...

Complexo de virgem!